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LGBT / LITERATURA

Escritora lança livro como mãe de homem trans com relatos de outras mães

Narrativas maternas foram escritas a partir de entrevistas, conversas pelo Instagram e por uma extensa pesquisa

Ezatamentchy Publicado em 03/05/2024, às 13h25

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Reinaldo/Diadorim representa a valentia de quem cumpre a jornada da transição - Divulgação
Reinaldo/Diadorim representa a valentia de quem cumpre a jornada da transição - Divulgação
A escritora e dramaturga Adélia Nicolete acaba de lançar o livro “Manto da Transição: Narrativas Escritas e Bordadas por uma Mãe de Trans”. A publicação mergulha de maneira sensível e profunda na interseção entre a literatura, as artes visuais e as experiências pessoais.
Delicadamente bordada, a publicação entrelaça a experiência da autora como mãe de um homem trans alinhavado com relatos de outras mães. O livro, concebido a partir de um diário, registra os altos e baixos, os medos e as celebrações, os desafios e conquistas do processo materno frente à transição de gênero, tudo cuidadosamente costurado pela escrita poética da autora.
Em 2014, quando o jovem Bernardo iniciou sua transição, Adélia encontrou no diário um refúgio. Tendo guardado não apenas os registros escritos, mas também peças de roupas carregadas de memória afetiva, a artista sentiu a necessidade de ressignificar as vestimentas, através do bordado, e compartilhar sua experiência e a de outras mães, dando origem ao projeto “Manto da Transição”.
“Foi uma longa jornada desde o início da transição e é muito gratificante ver que o processo não ficou restrito à família, mas ampliou-se por meio de um livro e uma exposição. Tudo isso graças a uma lei de incentivo cultural que, esperamos, permitirá que o projeto alcance muita gente e traga visibilidade à pauta transmasculina”, destaca a autora.
Na segunda parte, ela reúne as vestimentas bordadas e a descrição do processo
As narrativas maternas foram escritas a partir de entrevistas, conversas transmitidas pelo Instagram e também por uma extensa pesquisa. Elas estão presentes na primeira parte do livro, intitulado “Caderno Reinaldo” em referência ao nome masculino adotado pelo personagem Diadorim, de “Grande Sertão: Veredas”, escrito por João Guimarães Rosa. Reinaldo/Diadorim representa a valentia de quem cumpre a jornada da transição.
O livro, concebido a partir de um diário, registra os altos e baixos
Quanto à segunda parte, ela reúne as vestimentas bordadas e a descrição do processo. O título “Caderno Orlando” refere-se à obra homônima de Virginia Woolf, que traz uma personagem que se alterna entre homem e mulher. É notável a influência de artistas visuais no conceito dos bordados. Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), Leonilson (1957-1993), Zuzu Angel (1921-1976) e Louise Bourgeois (1911-2010) utilizaram-se dessa técnica em seus trabalhos e conferem ao projeto “Manto da Transição” inspiração estética, histórica e política.
Por Ezatamentchy